Pedro Litsek, presidente da CELSE, comenta a obra na região e a chegada das turbinas 7HA em Sergipe
O Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I, projeto da CELSE (Centrais Elétricas de Sergipe) na cidade de Barra dos Coqueiros recebeu, em 20 de junho de 2018, três turbinas a gás 7HA da General Electric, reconhecida como a turbina mais eficiente do mundo segundo o Livro dos Recordes (Guinness Book).
A turbina a gás 7HA é a primeira do gênero a chegar ao Brasil e, para o desenvolvimento dessa tecnologia, a GE investiu quase US$ 2 bilhões. Os testes finais de validação do equipamento foram realizados no centro de pesquisa da empresa localizado em Greenville, Carolina do Sul (EUA).
As turbinas 7HA são movidas à gás natural e trazem níveis de poluição (emissão de gás carbônico CO2) até 90% menores do que as turbinas a diesel. Além disso, são mais rápidas e capazes de fornecer potência total à rede em menos de 30 minutos com uma taxa de eficiência de mais de 62% em ciclo combinado de funcionamento.
A empresa estima que uma planta de 1000 MW (mega watts) equipada com duas turbinas da série HA pode economizar até US$ 50 milhões de combustível em 10 anos de operação.
O Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I é o maior investimento privado já realizado no estado com valor total de R$ 6,4 bilhões. Quando entrar em operação, será a maior termoelétrica a gás natural da América Latina (confira o vídeo). O empreendimento inclui, além da usina termoelétrica, uma Linha de Transmissão e Instalações Offshore que contemplam uma unidade de armazenamento e regaseificação GNL e gasoduto. Para viabilizar o projeto, a CELSE assinou, em abril deste ano, os contratos de financiamento com bancos e organismos multilaterais.
Confira abaixo alguns trechos da entrevista com Pedro Litsek (presidente da Celse) que foram selecionados pela equipe do Blog de Engenharia Elétrica Moderna:
1 - As obras de construção da Usina Termelétrica Porto de Sergipe I, da Celse, estão na metade e, agora, recebem seus principais equipamentos: as três turbinas a gás GE 7HA. Qual é o esquema montado para receber o chamado “coração” da usina? Não deve ser uma logística muito fácil de ser realizada.
A obra com essa complexidade e com este rigoroso cronograma de entrega tem que ser impecável na logística em todas as etapas. No nosso contrato, a GE é responsável pela construção da Usina e pelo fornecimento das turbinas, portanto coordenará esse processo logístico de recebimento dos equipamentos. O transporte foi feito até Sergipe em um navio, posteriormente as turbinas foram colocadas em barcaças que seguiram até o rio Pomonga. Desta localidade as turbinas seguem via rodoviária até a usina, numa operação que deve durar algumas semanas.
2 - Quais são as principais vantagens (ou diferenciais) da mais eficiente usina termelétrica do Brasil? Até porque trata-se do maior investimento privado já feito em Sergipe, no valor de R$ 5 bilhões.
Quanto mais eficiente a usina, maior sua competitividade num processo de leilão de energia. Para a CELSE foi muito importante poder contar com as turbinas da GE, pois quanto maior a sua eficiência, menor o custo variável da usina (CVU). E quanto menor o CVU, mais garantia física o projeto tem. Para o Brasil, é importante ter usinas eficientes, pois quanto mais “barata” a geração, menor a conta de luz para os brasileiros.
No caso do Nordeste, não há apenas o tema de custo da energia, há o tema da segurança energética. Nessa região há grande intermitência na geração por conta das eólicas e da presença cada vez maior das solares. A CELSE contribuirá de forma importante para a segurança energética do Brasil, e particularmente do Nordeste: são 1500 MW de energia firme injetados no sistema interligado. Com isso reduz-se o risco de blecaute e o stress nos sistemas de transmissão entre o Nordeste e outras regiões do Brasil.
O projeto também traz uma grande vantagem do ponto de vista ambiental. O gás natural liquefeito - GNL é uma opção muito mais limpa que o diesel, óleo combustível e o carvão usados hoje em centenas de termoelétricas antigas instaladas no país. Com GNL, as emissões de gás carbônico caem cerca de 90% se comparado com as termoelétricas a diesel.
A Grande 7HA. Créditos: Bruno Legitimo - Época Negócios
3 - E para o estado de Sergipe, quais serão os principais benefícios, não só do ponto de vista da geração de energia?
Esse é o maior investimento privado já realizado em Sergipe, orçado em R$ 6,4 bilhões, e a maior Termoelétrica de Gás Natural da América Latina, o que tornará o menor estado brasileiro o segundo maior gerador de energia do Nordeste. O projeto quadruplicará a geração anual de energia de Sergipe. Além disso, estamos empenhados em levar desenvolvimento para a região por meio da geração de impostos, da empregabilidade, da contratação de empresas locais e do apoio e patrocínio a projetos locais.
Há uma contribuição expressiva de recursos por meio do pagamento de impostos, tais como o Imposto Sobre Serviços (ISS) e Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Em Junho de 2018, mobilizamos 2.600 funcionários, dos quais 60% são sergipanos. Há várias empresas do estado contratadas para trabalhar no projeto. A economia do estado gira: hotéis, restaurantes, transporte, prestação de serviços.
Em adição, a CELSE pretende utilizar as “verbas incentivadas”, ou seja, por meio de renúncias poderá destinar percentuais do Imposto de Renda para projetos voltados a saúde, idosos, crianças, cultura e esporte, desde que devidamente aprovados pelo Estado Brasileiro. Por exemplo, em 2013, o Governo Federal aprovou o Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica), e a CELSE pretende utilizar estes recursos para apoiar hospitais no Estado. Outro exemplo são os incentivos da Lei Rouanet, que serão aplicados preferencialmente em Sergipe.
Finalmente, a empresa deve aplicar anualmente 1% de sua receita operacional líquida em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento, estas verbas poderão ser utilizadas em projetos com órgãos de pesquisa no Estado, como universidades.
4 - Quais serão as próximas etapas da obra daqui para a frente, incluindo a montagem das turbinas?
A obra da termoelétrica está na fase de montagem eletromecânica, com mais de 50% da obra concluída. Em paralelo estão sendo instalados o sistema de ancoragem, que será acoplado ao navio FSRU Golar Nanook. Até o começo de 2019 deve ser concluída para ter início os testes e comissionamento.
Entenda o empreendimento
A GE, as Centrais Elétricas de Sergipe (Celse) e o banco Goldman Sachs fecharam um contrato de empréstimo de R$ 3,2 bilhões para a construção da usina termelétrica Porto de Sergipe I no município de Barra dos Coqueiros, a aproximadamente 10 quilômetros de Aracaju, capital do Estado de Sergipe. O Goldman Sachs emitiu o bônus de R$ 3,2 bilhões apoiado pela agência de crédito de exportação suíça (ECA). Este é um dos maiores títulos emitidos na região e o maior investimento privado já realizado no estado de Sergipe.
Além disso, a CELSE fechou um financiamento adicional de R$ 1,3 bilhão, elevando o montante total de Sergipe I para R$ 4,5 bilhões. Esse valor inclui US$ 200 milhões da International Finance Corporation (IFC) e US$ 288 milhões do IDB Invest, o braço do Banco Interamericano de Desenvolvimento para investimentos do setor privado.
A GE é responsável pela construção da usina, que contará com três turbinas a gás GE 7HA, além de uma turbina a vapor, gerador de vapor de recuperação de calor e tecnologia de transmissão. Será também a operadora do complexo, cuidará da manutenção, dos reparos, além de melhorar o desempenho e produtividade por meio de suas soluções digitais. O projeto atende à crescente demanda regional de energia e apóia a estratégia do Brasil de complementar seu sistema de energia de base hidrelétrica com energia térmica, criando um fornecimento de energia mais confiável durante as estações secas.
Em 5 de julho, uma comitiva do Governo Estadual conheceu parte dos principais equipamentos que serão instalados no Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I. O governador Belivaldo Chagas, secretários estaduais e o ex-governador, Jackson Barreto foram recepcionados pelo presidente da empresa, Pedro Litsek, e pelo gerente da GE em Sergipe, Adriano Cezário, no Sítio Pomonga, em Barra dos Coqueiros.
Em dezembro, a GE celebra presença de 99 anos no Brasil. Atualmente, existem mais de 12 mil funcionários da GE no País em diferentes divisões, incluindo 28 locais de produção e serviços. E, hoje, os equipamentos da GE já respondem por mais de um terço de toda a energia gerada no Brasil e também na América Latina.
Sobre a CELSE
A CELSE (Centrais Elétricas de Sergipe S.A.), empresa criada pela brasileira EBRASIL - Eletricidade do Brasil e a Golar Power (joint-venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo de investimentos americano Stonepeak Infrastructure Partners), foi fundada em 2015 para a geração e comercialização de energia elétrica a partir de unidades geradoras de energia termoelétrica a gás.
Instalada no estado de Sergipe em uma área de 130 hectares, no município de Barra dos Coqueiros, a usina Porto de Sergipe I terá uma capacidade instalada de 1.551 MW. A CELSE foi vitoriosa no Leilão de Energia Nova A-5 em abril de 2015, firmando 26 contratos de venda de energia com data de operação comercial em janeiro de 2020.
Créditos: Caminhos para o futuro - Revista Galileu
Fotos com andamento da obra. Créditos: Celse (veja mais aqui) .
A General Electric utiliza o software E3.series em seus projetos elétricos.
Confira também:
Via Época Negócios - No Sergipe, CELSE recebe três turbinas da GE
Via Galileu - Uma usina única em Sergipe
Via GE - A maior termoelétrica a gás natural da América Latina conta com tecnologia GE e será instalada no Brasil